O espelho de Narciso

quarta-feira, 20 de maio de 2009

Orgulho

Assim reflectia eu, em Janeiro de 2009, numa de muitas horas esquecidas na recepção da clínica...

Sabem que não costumo falar de futebol. Mas hoje não consegui resistir...
Sport Lisboa e Benfica x Sporting Clube Olhanense, 14 de Janeiro, Taça da Liga. 4-1 não expressa o que foi este jogo. Sim, o Benfica aproveitou todas as pequenas oportunidades para marcar e foi consistente enquanto equipa, apesar do sector defensivo ter tremido inúmeras vezes. Mas é na alma desse povo do mar que esse jogo foi excepcional. Aguerridos, orgulhosos, as gentes de Olhão fizeram o Estádio da Luz vibrar. Com jogadores de qualidade e uma vontade férrea pressionaram, jogaram e marcaram, levando os olhanenses ao rubro. Por todo o Estádio havia manchas de festejos e em muitos rostos, simultaneamente benfiquistas e olhanenses, havia um sorriso cheio de ambiguidade.
Sou benfiquista! Mas também tenho uma ligação muito especial a Olhão, e o Olhanense tem, este ano, deixado as suas gentes a rebentar de orgulho. Disse que ficaria contente das duas maneiras, ganhando o Benfica ou o Olhanense; mas, no final do jogo, descobri que ficaria triste das duas formas. Porque uma das minhas equipas saiu derrotada. Mas, pelo menos, de cabeça bem erguida!
Força, Olhanense!

E agora, com a época 2008/2009 a findar, damos por nós com um sorriso no rosto, a adivinhar a época 2009/2010 com o Olhanense no seu merecido lugar entre os maiores de Portugal, na primeira Liga. Sofremos com o desaire com a União de Leiria. Roemos as unhas com o 0-0 que nunca mais findava frente ao Santa Clara. Enervámo-nos com as expulsões em Gondomar e com aqueles 5 minutos de compensação que pareceram horas esquecidas. Mas, ao apito final, tudo foi esquecido e apenas uma ideia ficou: OLHANENSE CAMPEÃO! Com um enorme sorriso, de lágrima a querer espreitar de emoção, fomos imaginando a festa de Olhão, querendo lá estar entre aquela gente, festejando os frutos da determinação de quem lutou sem nunca baixar os braços, que acreditou sem esmorecer e, por isso, venceu!
E agora, vamos todos sonhar com a próxima época, com o embate com os grandes, com casa cheia no Estádio José Arcanjo, com essa força do povo do mar que irá apoiar a sua equipa contra ventos e tempestades. Porque não há nada maior que o orgulho da gente simples!

quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

2008

O último dia do ano passa molengão, como se não tivesse vontade de chegar ao fim. E, por muito que saiba que entre hoje e amanhã há apenas um dia marcado no calendário, inevitavelmente dou por mim a olhar por cima do ombro para os outros 364 dias marcados no calendário que diz 2008.
Foi um ano estranho, recheado de grandes alegrias e profundas tristezas. Foi um ano em que lentamente me construi para depois me destruir, em que sonhei e caí na realidade. E agora, chegada ao fim desta etapa, olho e vejo que, apesar de tudo, foi um ano valioso. Aprendi e cresci ao lidar com a dura realidade. E, vendo para lá do que doeu, também houve momentos fantásticos que irão perdurar na minha memória. Muitos e bons momentos em família, a amizade, pequenos prazeres e grandes desafios.
2008 foi um ano indefinível... Em 2009, só espero viver tão bons momentos quanto aqueles que vivi em 2008 e que a Vida me dê novos desafios, para lutar e poder dizer que me superei!

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

A um desconhecido

Nutro um carinho muito especial por este espaço, desde o dia em que me rendi ao desejo de partilhar com o mundo tudo o que sou, de forma nem sempre bela mas sempre sincera. No interregno em que não me soube encontrar neste espaço foi como se algo me faltasse; e, ao ler estas palavras, sei que voltar foi a coisa certa a fazer.
A esse desconhecido, o meu muito obrigado! A todos aqueles que me lêem, amigos ou estranhos, obrigado por estarem aqui, comigo. É por vocês que este espaço existe, é por saber que alguém me ouve que volto a dedilhar o teclado. E, se este retorno até agora se tem desenhado em linhas sombrias, há uma luz que brilha ao fundo... Saber-vos aqui dá-me alento para voltar a olhar o mundo e, em lugar de guardar esse olhar num canto obscuro de mim, partilhar convosco. Uma vez mais!

domingo, 7 de dezembro de 2008

Gestos

Oscilamos. E, de uma forma crítica, apercebo-me que tenho de me forçar a sair deste ciclo de avanços e recuos. Porque estou a perder-me na incerteza dos teus gestos e a magoar-me nas esquinas aguçadas das (des)ilusões.

Este é um pensamento que há muito me acompanha. Tento gravá-lo a ferro e fogo no meu espírito, repito-o para mim mesma nos momentos dolorosos como se fosse um mantra, mantenho-o vivo na memória como um memorando. Tento resistir-te, fugir de ti, abstrair-me de ti, consciente de que este sentimento me consome. Mas depois um gesto teu apaga sem esforço todas as esforçadas tentativas minhas de me afastar.
Estou tão cansada de lutar contra mim própria...

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Sem palavras

Quero derramar-me sobre o teclado... Preciso transbordar. Há uma amálgama de sentimentos que me aperta o peito, que me sufoca. Não sei sequer descrever o emaranhado de emoções que me preenche, de tão contraditórias que são. Uma lágrima para a tristeza, um abraço apertado para a saudade, um sorriso para a tranquilidade, um grito para a raiva... um suspiro para que o mundo se endireitasse de vez. Palavras? Não, não as tenho... Tenho apenas um mundo dentro de mim e o vazio a rodear-me como quatro paredes.
Só queria libertar-me... está aí alguém para me ouvir?...

terça-feira, 11 de novembro de 2008

A ti... Ao mundo!

Preciso de te deixar ir e sei que, para que o possa fazer, tenho de te tornar sólido, real. Foste silêncio por todo este tempo, dar-te-ei forma em palavras agora. Não sei dizê-lo a ti... Digo-o ao mundo, a todos e a ninguém! Princípio, meio e fim...

“Amei tantas vezes por piedade, num impulso de salvar alguém. Amei por desejo, pela aventura. E agora assalta-me um pensamento que não é piedade, que não é desejo, que nem sequer sei se é amor. É um sentimento de compreensão e de admiração, uma sensação simultânea de desafio e cumplicidade. E não sei o que fazer com esse sentimento! Só sei que quero aproximar-me de ti...”

“Creio que estou à espera de um gesto teu... E o gesto veio! Apanhou-me desprevenida e deixou-me meio tonta, como se aquelas palavras tivessem ganho forma e embatido em mim. Há um grito de reconhecimento nessas palavras, tão real que dói. Procuro-te uma vez mais, encontro-te e as nossas almas quase se tocam, mas os meros centímetros que nos apartam são como anos-luz, intransponíveis numa só vida.”

“Sonho-te ainda. És indelével, não sei apagar os vincos que sulcaste na minha alma. Por mais que te racionalize, os meus sonhos traem-me e os meus olhos buscam-te, e quero saber de ti e ser parte da tua vida. E é em tão pequenos gestos teus que me perco, uma e outra vez, sempre. Apenas porque te amo... Não posso negá-lo e não consigo esquecê-lo. Resta-me viver com tal sentimento e não esquecer a realidade. Porque sei que não és meu!”

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Tempestade num copo de água

Pegue-se numa dose generosa de paciência e junte-se a incerteza. Amasse-se durante dois longos anos, enquanto adiciona aos poucos o prazer, até obter uma massa homogénea de contentamento e satisfação. Reserve.
Numa tigela, bata vigorosamente o sentido de subaproveitamento com a valorização, adicione uma pitada de esperança e duas gotas de desilusão. Junte ao preparado anterior.
Unte uma forma com uma noz de solidão e verta nela o preparado. Leve ao forno, a temperatura média, por tempo indeterminado.
Entretanto, prepare uma calda de felicidade. Junte uns decilitros de alegria líquida a um quilo de justiça. Adoce com reconhecimento e remate com um brilho no olhar.
Verifique a cozedura do bolo e desenforme-o com cuidado. Regue com a calda e polvilhe com um sortido de sorrisos.
Acondicione numa caixa transparente e sele hermeticamente.
Aviso: Preparado instável. O consumo excessivo da ambiguidade do produto final pode ter efeitos nocivos. Preservar em local isento de stress.

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

A ti

Como posso alcançar-te?

terça-feira, 7 de outubro de 2008

Retorno

Não sei por onde andei... Perdida nos meandros da vida, presa aos mil tentáculos dos compromissos, cansada das jornadas profissionais, deixei-me embalar pela rotina do dia-a-dia. E hoje volto, talvez para tentar encontrar-me de novo.
Sinto falta de tanta coisa... Este espaço foi o meu reflexo durante um tempo que me pareceu eterno e resplandecente. Tenho saudades do tempo para mim, do tempo para os meus amigos, do tempo para viver um pouco mais. Trabalhar é demasiado absorvente, sobra apenas tempo para sobreviver. Por vezes é preciso agitar a vida, sacudir o torpor e deixar a espontaneidade voltar ao corpo ainda jovem. Cada fibra de mim anseia por essa catarse e eu agonizo, presa ao chão.
E é nestas altura que sinto a falta da escrita. Esta é a ponte que posso construir entre os mundos apartados de mim. Este é o caminho escondido que posso caminhar para chegar a outra dimensão. Este é o cantinho onde me posso aninhar e sonhar, mais uma vez. E chorar, se precisar. E gritar, para extravasar o tanto que há dentro de mim.
Voltei... pelo menos por um instante, para voltar a encontrar-me!

sábado, 5 de maio de 2007

Amor

Mais do que uma campanha...


Isto, sim, é AMOR! Amor a esse grande clube que nos enche o coração, que nos faz sorrir, rir, chorar, sofrer... amar! É sempre com emoção que (re)vejo o Rui Costa falar do pior golo da sua vida. Porque, na verdade, quem ama assim tanto um clube, assume, e o Rui Costa assume-o de todo o coração!
E é em momentos como o de hoje, no Estádio da Luz, ouvindo este tão sincero relato ou o nosso glorioso hino, que me sinto realmente benfiquista.